Energia Mecânica e a Sua Conservação
Discutimos até aqui duas formas de energia: a energia cinética, que está associada a um corpo em movimento e a energia potencial, que é uma energia “armazenada” por um sistema. Por “sistema”, entendemos como sendo o universo físico constituído por um ou mais corpos móveis sob ação de uma ou mais forças conservativas.
Caso o sistema se encontra isolado, podemos juntar dois resultados encontrados até aqui, a saber,
- Pelo teorema trabalho-energia cinética, o trabalho de uma força resultante é igual a variação da energia cinética do corpo:
- Caso uma força conservativa haja num corpo, a energia potencial do sistema é dada por
Caso uma força conservativa seja também a força resultante, podemos igualar as duas expressões acima, obtendo
A fórmula do lado direito mostra que a grandeza calculada no final do processo (subíndice ) é igual a do início (subíndice ), ou seja, ela é conservada. Definimos a soma como sendo a energia do sistema. Temos que
É muito comum chamarmos a energia do sistema como a energia mecânica do sistema. Esta nomenclatura traz confusão quando é a energia potencial eletrostática ou outra forma de energia, que não a gravitacional e a elástica.
Vídeo 4: O vídeo mostra um experimento no plano inclinado que tem como objetivo verificar a conservação da energia mecânica.
Conservação de energia – forças não conservativas
Se consideramos sistemas em que somente forças conservativas atuam, vimos que a energia do sistema se conserva num processo, ou seja,
O que ocorre com a energia do sistema quando há forças não-conservativas? Por exemplo, a experiência do cotidiano mostra que se dermos um empurrão num bloco sobre uma superfície horizontal, ele desliza, mas eventualmente entra em repouso, por mais que a superfície seja bem lisa. Neste sistema, conforme já discutido, a força responsável para frear o bloco é a força de atrito, que mostramos que é uma força não-conservativa.
Neste exemplo, observamos que . Temos que (não há nenhuma força conservativa relevante ao movimento) , mas como o bloco para, .
Mesmo assim, podemos escrever alguma equação de conservação (ou não) de energia? A resposta é sim, baseada na lei da conservação a energia total, uma lei fundamental da Física que afirma que a soma de todas as formas de energia se conserva num determinado processo. Até o presente momento, não há um único fenômeno sequer que viola esta lei da Física. Devemos concluir portanto que além da energia cinética e da energia potencial, há outros tipos de energia.
Numa situação geral, quando forças conservativas e não-conservativas atuam no sistema, o trabalho resultante é dado por
onde é a soma dos trabalhos realizados por forças conservativas e é a soma dos trabalhos realizados por forças não-conservativas. Temos que
- O trabalho da força resultante é a variação da energia cinética:
- A variação da energia potencial é menos o trabalho das forças conservativas: .
Segue portanto que
Logo,
A energia dissipada, representada por , entra com sinal negativo (lembre-se que obtivemos trabalho negativo para a força de atrito), de forma que .
Mas para onde vai a energia dissipada? No caso do atrito, contabiliza a energia retirada do sistema (dissipada), num processo em que a energia do sistema se transforma em calor, que discutimos neste site na página Calor e Primeira Lei da Termodinâmica . De fato, vemos na Termodinâmica que o calor é uma forma de energia.
Há outras formas de energia, além do calor, que são discutidos neste site (clique aqui), como a massa como forma de energia, a energia associada ao campo eletromagnético (não confundir com a energia potencial eletrostática).
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